Inicio a série de artigos explicando sobre os Níveis de Consciência com o tema: faça o necessário para sobreviver. Lembrando que anteriormente, fiz a introdução sobre esses níveis, contando sobre a experiência de me tornar pai.
Dizem que o pai nasce junto com o filho. E essa é uma verdade que só compreendemos completamente quando viramos pais.
Em 2011, me tornei pai do João Felipe e pude acompanhar, de camarote, as primeiras manifestações de consciência de alguém.
Formação do ser humano
O ser humano é o único mamífero que nasce incompleto.
Nascer com o cérebro inteiramente formado seria impossível, por conta de seu tamanho. Assim, durante os primeiros três meses de vida do bebê, a formação do cérebro é a grande responsável pelo consumo bruto de calorias.
A partir daí, então, começa a jornada que durará o restante todo da vida: o desenvolvimento da consciência.
Só quando eu me tornei pai que pude realmente acompanhar esse desenvolvimento de perto. E ele é lindo! Afinal, cada fase é clara, marcada, evidente…
Nível bege: necessário para sobreviver
Hoje vamos falar aqui da primeira fase, que deve durar até os 6 ou 7 anos de idade da criança.
Há diversos autores e pensadores que já teorizaram sobre níveis de consciência, criando múltiplos tipos de classificação.
Pessoalmente, gosto muito da maneira como o Ken Wilber organizou, em suas explicações, a Teoria Integral. Contudo, acredito que a classificação mais simples é a do Clare Graves, para iniciar meus leitores nesse mundo.
Graves foi um PhD em Psicologia que dividiu os níveis de consciência por valores, ou o que um indivíduo considera mais importante. Sobretudo, em seu sistema de classificação, o primeiro nível é o nível Bege: sobrevivência.
O tema básico do nível Bege é “faça o que for necessário para sobreviver”. Decerto, importa para ele: comida, água, conforto térmico e sensação de segurança. Já em indivíduos adultos, também o sexo.
O nível bege surge a partir do momento que o cérebro está completamente formado, em torno dos 3 meses de vida.
Um bebê chora toda vez que está com fome, sede, frio ou se sentindo “solto demais” (veja a técnica do Dr. Harvey Karp para acalmar um bebê chorando – funciona até os 6 ou 7 meses de idade).
No caso do bebê, na sociedade moderna, quem cuida disso tudo são seus pais – dificilmente ele ficará com alguma dessas necessidades desprezada. Por conseguinte, à medida que a criança cresce e se comunica verbalmente, ela própria passa a cuidar dessas necessidades.
Entretanto, isso é feito de maneira ainda muito egocêntrica, sem perceber que ela e a mãe, ou o pai, são entidades distintas.
Isso porque, o nível de consciência da criança é muito baixo. E ela não entende que existem outros indivíduos também com ponto necessário para sobreviver diferentes.
Níveis de consciência na história da humanidade
Os níveis de consciência são facilmente observáveis nos indivíduos, mas também na história da humanidade. Isso porque, há indícios de humanos (muito parecidos com os modernos) no continente africano há 350 mil anos.
Até que as primeiras civilizações começaram a surgir, ou mesmo que o misticismo (uma das características do próximo nível de consciência) começou a aparecer, foram pelo menos uns bons 200 ou 250 mil anos.
Durante todo este tempo, é provável que, na média, a humanidade tenha permanecido no nível Bege de consciência. Assim sendo, somente com o necessário para sobreviver.
Do ponto de vista intelectual, foi um período de pouquíssima (ou nenhuma) produção. Por certo, qualquer registro histórico é praticamente nulo, e com a comunicação escrita inexistente.
A humanidade era composta por alguns milhares de indivíduos espalhados que passavam os dias coletando alimentos e, talvez, caçando outros animais.
Representa o maior período na história humana em termos de extensão temporal. E todo e qualquer conhecimento deste período surge apenas através da arqueologia e da construção de teorias.
Nível sensório-motor: necessário para sobreviver
Vale ainda mencionar o paralelo pela teoria cognitiva. Assim, o nível Bege corresponde ao nível sensório-motor. Logo, o ser humano neste nível apenas registra sensações e se movimenta. E não há necessariamente a percepção de individualidade.
Nas crianças, essa fase é fácil de identificar, mas fica bem interessante de imaginar os homens pré-históricos sem senso de individualidade.
É sabido, que até hoje, em tribos isoladas e primitivas, realmente não há um senso de individualidade muito apurado. Isto é, existem até relatos de provérbios utilizados em tribos indígenas: “é necessária toda a tribo para criar uma criança.”
Você sabia que mesmo desenvolvendo nosso nível de consciência, como civilização, ou indivíduos, ainda temos a chance de experimentarmos o nível Bege?
Através daquela fome que nos deixa de mau humor. Ou da vontade de descansar e procrastinar quando temos alguma obrigação pendente… Ou mesmo naquele começo de namoro quando não se pensa em outra coisa a não ser em abraçar a outra pessoa…
E como foi que saímos deste nível e fomos para o próximo?
Talvez nossos antepassados de 200 mil anos atrás tenham se assustado com um trovão e começaram a imaginar que ele seria resultado de alguém lá nas nuvens…
Bem-vindos ao nível Magenta, mas este é assunto para o próximo artigo.
Um pouco sobre mim
Me chamo João de Lorenzo, trabalho com planejamento estratégico, concepção e implementação de projetos. Bem como, com (quase) tudo relacionado a vendas e gestão de força de vendas.
Estudo Teoria Integral há alguns anos e acredito que a máxima do Ken Wilber que diz que “estão todos parcialmente corretos” é uma das chaves para um mundo com espaço para todos.