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No meu primeiro artigo no LinkedIn, eu trouxe uma reflexão simples sobre a prática de meditar. Tentei esclarecer enganos comuns sobre ela, para desmistificar os propósitos e as eventuais dificuldades com a regularidade. Hoje, vamos discutir um pouco sobre a rotina de meditação.
Impacto da rotina de meditação
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Vou começar compartilhando uma história que aconteceu comigo uns anos atrás. Na época, eu estava prestando consultoria para uma grande empresa junto com outros dois sócios. E não tínhamos escritório fixo, trabalhávamos de maneira remota e, quando necessário, nos encontrávamos para a conclusão de alguma discussão importante.
Nessa ocasião, tínhamos escolhido um café em um shopping da zona sul de São Paulo. Era um local que tinha mesas e poltronas espalhadas e que servia perfeitamente para esta finalidade.
No dia anterior, por conta do local cheio, não conseguimos uma mesa próxima a uma tomada e à medida que nossos computadores ficaram sem bateria, tivemos que encerrar nossa reunião prematuramente. Então, combinamos que no dia seguinte, nos encontraríamos mais cedo, para que pudéssemos escolher a melhor mesa, próxima às tomadas.
No dia combinado, cheguei cedo, antes do café abrir, e me sentei ao lado de uma fonte de força. Assim, abri meu computador, que estava com a bateria cheia, e comecei a responder e-mails e estudar os materiais que iríamos discutir naquele dia.
Antes de meus sócios chegarem ao local, outras pessoas começaram a se instalar nas mesas ao meu redor.
Risco ao plano perfeito
Um rapaz sentou-se numa mesa próxima e notei que ele começou a desempacotar seus equipamentos: notebook, mouse, celular… De repente, ele se levantou com a fonte do notebook em mãos e veio na minha direção.
Notando seu movimento, levantei a mão e o avisei que aquela tomada, ao meu lado, seria utilizada eventualmente e pedi que ele procurasse outra. Certamente, o rapaz imediatamente demonstrou irritação e respondeu que eu não estava utilizando a tomada. Ele argumentou que a tomada era pública e que iria utilizá-la.
Não sei dizer se foi a minha entonação ou o meu gestual, mas o rapaz ficou visivelmente bastante irritado. Então, eu também, afinal eu tinha chegado cedo para resguardar um ponto próximo à fonte de força. Naquele momento, poderíamos ter iniciado uma briga verbal e, talvez, até um confronto físico.
Rotina de meditação é como academia
No artigo passado, eu expliquei sobre a prática da meditação ser algo como ir à academia. Assim, ela é construída, dia a dia, sem pressa, incorporando aos hábitos diários.
E meditamos sem um propósito definido. A rotina de meditação nos conecta com o momento presente – há quem diga que ela cria um espaço maior entre a ação e a reação.
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Reação no caso descrito
Pois bem, na situação descrita, eu respirei fundo (como reflexo) e já pensando em tudo o que eu gostaria de devolver ao rapaz como argumentação. Contudo, lá no fundo, minha consciência me avisou: a tomada é pública, ele tem razão.
Enquanto esse processo interno se desdobrava em mim, eu ouvia a voz do rapaz cada vez mais nervoso, repetindo os mesmos argumentos, de maneira mais eloquente, como uma bola de neve crescendo.
Fiz então um exercício comum para quem medita: coloquei meu foco na respiração, tirando meu raciocínio dos argumentos ou da reação do rapaz. Assim, passei a descascar minhas emoções de qualquer pensamento, como se fossem as camadas de uma cebola. Decerto, sem os pensamentos, a emoção veio e rapidamente se dissolveu.
Olhei então para o rapaz, que já estava falando sobre a minha atitude, em alto em bom som, para os colegas e eu respondi: “fique tranquilo, você tem razão”. Porquanto, sorri e voltei para o que eu estava fazendo antes de todo o ocorrido.
Resultado
Neste mesmo instante, outra pessoa que estava próxima, no café, sentada ao lado de outra tomada, me chamou e disse: “caso você precise, pode usar essa tomada aqui ao meu lado, eu não estou utilizando”.
Chegaram então as duas pessoas que eu aguardava. E rapidamente começamos a conversar sobre nossa agenda e o que deveríamos terminar naquele dia.
Já totalmente envolvido na discussão com meus dois sócios, notei, com o canto dos olhos, que o “rapaz da tomada”, junto com seus colegas, decidiram que não ficariam ali e começaram a arrumar as coisas para deixar o café.
O rapaz, então, se levantou e veio na minha direção para retirar a tomada – antes de retornar à sua mesa, ele se aproximou de mim e, com a mão em meu ombro, falou: “te peço desculpas pela minha reação, hoje meu dia não começou bem e eu acabei descontando em você.” “Você me desculpa?”
![pratique sem expectativas](https://mindstation.com.br/wp-content/uploads/2021/05/image-6.png)
Alterações nos padrões habituais
À medida que a prática da meditação se torna um hábito, percebemos alterações em nossos padrões habituais. Principalmente, deixamos de construir expectativas fixas e percebemos que elas nos atrapalham. E são elas as responsáveis por boa parte de nossas frustrações.
Em 99% das situações do mundo moderno, complexo, instável, entrar com uma expectativa fixa é quase garantia de frustração – o imaginado raramente acontece.
A prática regular da meditação nos abre para as diferentes perspectivas – não só as geradas por nosso ego. Mas também as perspectivas e expectativas alheias. Isso nos ajuda a expandir as fronteiras e por consequência, gera impactos surpreendentes nos outros também.
E você? Tem alguma história parecida com esta? Eu adoraria conhecer. Me escreva contando.
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Um pouco sobre mim…
Me chamo João de Lorenzo, trabalho com planejamento estratégico, concepção e implementação de projetos e com (quase) tudo relacionado a vendas e gestão de força de vendas.
Estudo (e pratico) meditação há 10 anos e, cansado de ver tantos equívocos que se cometem sobre o tema, resolvi escrever pra ajudar no correto entendimento da prática.