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Desbloqueie a criatividade com estas 5 estratégias infalíveis!

Começo esse artigo, escrito em abril de 2023, pontuando a importância da criatividade e como ela nos leva à evolução como seres humanos. Se não fosse por ela, a criatividade, hoje eu não poderia estar escrevendo este texto, assim como você não compreenderia essas palavras e não conseguiria ler. Mas, para nossa sorte, há muito tempo atrás, os sumérios tiveram uma grande ideia. Há mais de 5.000 anos, na região da Mesopotâmia, onde hoje se encontra o Iraque, a criatividade levou à uma das mais importantes invenções da história. Naquela época, a comunicação era realizada principalmente por meio da fala e da linguagem corporal, o que limitava a transmissão de informações e conhecimentos para além do alcance da voz humana. No entanto, um grupo de pessoas que vivia na região, os sumérios, estavam prestes a mudar essa realidade para sempre.

Com o desenvolvimento da agricultura, a população suméria cresceu significativamente, e com ela surgiu a necessidade de registrar informações contábeis para controlar o estoque de grãos e outros bens. Foi assim que, aos poucos, os sumérios começaram a desenvolver uma forma rudimentar de escrita, baseada em símbolos que representavam objetos e ideias simples, como grãos ou animais. Aos poucos, esses símbolos foram se tornando mais complexos e abstratos, evoluindo para uma forma de escrita mais sofisticada. No entanto, a escrita suméria não era apenas uma forma de registro contábil. Com o tempo, essa criatividade foi se desenvolvendo, até que eles perceberam que a escrita também poderia ser utilizada para registrar histórias e lendas, preservando assim sua cultura e tradições.

A invenção da escrita não foi um evento único ou isolado, mas sim um processo gradual, influenciado pela necessidade de evolução, que naquele momento era a necessidade de registrar o controle contábil e a preservação da cultura e da história. Essa invenção mudou para sempre a forma como a humanidade se comunica e registra informações, abrindo caminho para o desenvolvimento de outras tecnologias e invenções ao longo da história. Assim como a descoberta do fogo, da roda, da eletricidade, a invenção da escrita, é uma prova da importância da criatividade para a solução de problemas e para a evolução da humanidade. E, mais do que nunca, em um mundo em constante mudança e inovação, a criatividade se torna uma habilidade fundamental para enfrentar os desafios do presente e do futuro.

Na verdade, desde que o mundo é mundo, a criatividade esteve presente, levando o homem das cavernas até a lua. Estimulá-la não é apenas uma questão de desenvolver uma habilidade útil, mas sim de preparar-se para as demandas de um mundo que exige constantes adaptações e inovações. Então, como podemos estimular a nossa própria criatividade e ter novas ideias sempre? A boa notícia é que a criatividade não é dom para poucos escolhidos, é uma habilidade que pode ser desenvolvida e estimulada.

Como a criatividade funciona na sua mente?

O artigo “A criatividade precisa ser trabalhada constantemente, com treinos e desafios para desenvolver suas habilidades” definiu que “o processo de criatividade foi a base para criar a sociedade humana conforme a concebemos num processo que permitiu à humanidade desenvolver valores, ideias e comportamentos de forma original”. O estudo, escrito pelo PhD em neurociências e biólogo Fabiano de Abreu Agrela e publicado pela Fédération Internationale d’Education Physique (FIEP), apresentou as partes do cérebro responsáveis pela criatividade, mostrando que entre elas destaca-se o papel do córtex frontal – considerado o centro da criatividade pelas suas funções relacionadas à memória e planejamento – e do hipocampo – responsável por correlacionar informações para criação de novas ideias.

“O pensamento criativo é apoiado em parte por nossa capacidade de imaginar o futuro – nossa capacidade de visualizar experiências que ainda não ocorreram. Desde planejar o jantar até imaginar as próximas férias, confiamos rotineiramente em nossa imaginação para imaginar como será o futuro, a mesma região do cérebro que nos permite imaginar um futuro também está envolvida na lembrança do passado: o hipocampo”

Fabiano de Abreu Agrela

Durante nossa evolução ganhamos a capacidade de superar nossos instintos e de considerar as opções antes das decisões, como por exemplo, optar por transformar um simples galho em utensílio do dia a dia, arma ou um brinquedo. Nossos cérebros podem criar novos caminhos, novas conexões, trabalhar ideias, pensar em coisas e considerar possibilidades.  A complexidade do cérebro permite o processamento de informações de forma quase ilimitada, e esses incontáveis caminhos são o alicerce para a criatividade. É a interação de bilhões de neurônios, que enviam trilhões de impulsos elétricos, onde visões e sons se misturam às memórias, pensamentos e emoções. Cada experiência é uma matéria bruta para a criatividade e criação de novas ideias, como enxergar nas nuvens formas de animais e objetos. Combine duas ideias e tenha uma terceira.

Ou seja, a criatividade é a habilidade de produzir ideias ou conceitos novos e originais. Mas não necessariamente inventar algo do nada, e sim transformar o que já existe. É o poder da imaginação, a capacidade de conectar ideias que parecem não ter relação. Ser criativo é fazer algo novo ou fazer algo comum de um jeito novo. Esse ponto é explorado também no estudo “Neural correlates of creative thinking: Evidence from whole-brain functional connectivity”, publicado em 2015 pela Universidade de Harvard, que mostrou que a criatividade está ligada à atividade em áreas do cérebro que estão associadas à tomada de decisões, ao controle cognitivo e à resolução de problemas, sugerindo que a criatividade envolve uma combinação complexa de habilidades cognitivas.

E como você pode se tornar mais criativo(a)?

Ed Catmull, cofundador da Pixar Animation Studios e presidente da Walt Disney Animation Studios, enfatiza, no livro “Criatividade S.A.”, criado em coautoria com Amy Wallace, a importância de manter a criatividade viva e em constante evolução. Ele argumenta, como já mencionei anteriormente, que a criatividade não é um dom inato que algumas pessoas têm e outras não, mas sim uma habilidade que pode ser desenvolvida e aprimorada ao longo do tempo. E aqui ele aponta algo muito importante: a necessidade de continuar aprendendo e experimentando, mesmo depois de atingir o sucesso, para que a criatividade continue a evoluir.

Quando aprendemos algo novo, nosso cérebro cria novas conexões neuronais e fortalece as já existentes, o que nos permite ter insights e gerar novas ideias. Além disso, o conhecimento prévio é essencial para o processo criativo, pois permite que possamos fazer associações entre conceitos e enxergar possibilidades que outras pessoas não conseguiram ver até então. A inovação, portanto, depende do conhecimento acumulado ao longo do tempo e da capacidade de relacionar diferentes áreas do conhecimento. Ou seja, quanto mais conhecimento adquirimos, mais insumos temos para solucionar problemas de maneira criativa e desenvolver novas ideias.

Que o nosso potencial criativo é importante já está bem claro. Agora, como desbloquear a criatividade na sua mente? Como vencer aqueles bloqueios criativos quando surgem do nada? Bom, aqui vão 5 estratégias, baseadas em estudos e pesquisas, que eu particularmente uso bastante, sendo que a última é a minha preferida e vem com um pulo do gato que eu vou te ensinar.

Estratégia 1: Dê a si mesmo permissão para criar porcaria

Para ser criativo, é preciso se permitir criar coisas ruins. Afinal, é com a prática que se aprimora a habilidade de criar. Para você ter uma ideia da importância do “fracasso” no processo criativo, ele é parte indispensável da história do Vale do Silício. É errado pensar que toda a indústria de lá sempre se desenvolveu a altas taxas de crescimento. Existem muitos exemplos de histórias de fracasso que levaram ao sucesso no Vale do Silício. Um exemplo notável é a história da empresa de compartilhamento de carros Zipcar.

Robin Chase

Em 1999, a empreendedora Robin Chase fundou a Zipcar, com o objetivo de criar uma rede de carros compartilhados em cidades dos Estados Unidos. No entanto, nos primeiros anos de operação, a empresa enfrentou muitos desafios, incluindo a falta de demanda e dificuldades para equilibrar o número de carros e usuários. Em 2003, a Zipcar estava prestes a falir. Foi quando a empresa decidiu mudar sua estratégia e se concentrar em universidades e áreas urbanas densamente povoadas, onde a demanda por transporte compartilhado era maior. A empresa também investiu em tecnologia para tornar a reserva de carros mais fácil e conveniente. Essa mudança de estratégia permitiu que a Zipcar se recuperasse do fracasso e crescesse rapidamente nos anos seguintes. Em 2007, a empresa abriu seu capital na bolsa de valores, com um valor de mercado de mais de US$ 1 bilhão. Em 2013, a empresa foi adquirida pela Avis Budget Group por mais de US$ 500 milhões.

A “cultura do fracasso” é, inclusive, um termo usado para descrever a atitude de empresas e empreendedores do Vale do Silício em relação ao fracasso. Por lá, o fracasso é visto como parte do processo de criatividade, aprendizagem e de inovação. É basicamente, o que quer dizer “liberdade criativa”: os funcionários têm liberdade para explorarem suas ideias e experimentarem novas soluções, sem medo de fracassar. Errar faz parte do processo criativo e, muitas vezes, os maiores avanços e descobertas são feitos a partir de erros e fracassos. Não ter medo de errar pode ajudar significativamente o processo criativo, porque vai permitir que você se sinta mais livre para explorar novas ideias e experimentar novas abordagens. Quando estamos com medo de errar, tendemos a nos restringir e a seguir caminhos mais seguros e convencionais, o que pode limitar a nossa capacidade de inovação e criatividade.

Então, não tenha medo de errar, permita-se pensar de maneira diferente e tentar novas soluções para os problemas, o que pode te levar a resultados inesperados e inovadores. Além disso, o processo de tentativa e erro pode ajudar a aprender com os seus erros e aperfeiçoar as suas habilidades criativas ao longo do tempo.

Estratégia 2: Treine sua mente para criar conexões entre ideias aparentemente desconexas

Uma das habilidades mais importantes dos criativos é a capacidade de encontrar conexões entre ideias que, à primeira vista, parecem desconexas. Essa habilidade envolve a capacidade de pensar de forma divergente, ou seja, de encontrar soluções criativas para um problema, explorando diferentes caminhos e possibilidades.

O estudo “Pesquisa sobre os hábitos de trabalho de 40 cientistas líderes”, conduzido pela psicóloga Bernice Eiduson, chegou a essa conclusão ao estudar os hábitos de trabalho dos cientistas mais criativos e inovadores, com foco em sua capacidade de mudar de assunto e transitar entre diferentes áreas de conhecimento. Apesar de ser conduzida na década de 60, a pesquisa teve um impacto significativo na compreensão da criatividade e inovação no campo da ciência. Os resultados mostraram que os cientistas mais criativos tendiam a adotar uma abordagem mais fluida e transdisciplinar, combinando ideias e conceitos de diferentes áreas de conhecimento para criar soluções inovadoras para problemas complexos. A pesquisa também mostrou que os cientistas mais criativos eram capazes de se mover rapidamente entre diferentes tópicos e abordagens, o que lhes permitia explorar novas ideias e perspectivas. Eles também tendiam a trabalhar de forma colaborativa, buscando opiniões e ideias de outros especialistas em diferentes áreas de conhecimento.

Para promover a criatividade por meio de práticas colaborativas e transdisciplinares, você pode, por exemplo, envolver-se em projetos que englobem diferentes áreas de conhecimento e participar de programas educacionais ou grupos de estudo e debate que enfatizem a colaboração e a experimentação. Essas práticas podem ajudar a expandir sua visão de mundo, encontrar soluções inovadoras para problemas complexos e melhorar sua criatividade.

Estratégia 3: Consuma informações de qualidade

A qualidade da informação que consumimos determina a qualidade do trabalho que produzimos. Os criativos estão sempre em busca de novas ideias e informações que possam ser combinadas e transformadas em algo novo. Quando você busca inspiração em diferentes fontes, como livros, filmes, músicas, arte e outras fontes de cultura, também está treinando a mente para criar conexões entre ideias. Ao expor-se a diferentes tipos de ideias, pode-se encontrar inspiração e conectar ideias aparentemente desconexas.

Por exemplo, um escritor pode se inspirar em um filme para criar uma cena em seu livro, ou um designer pode usar uma pintura como base para uma nova coleção de roupas. Essas conexões inesperadas entre diferentes formas de arte e cultura podem levar a ideias originais e criativas. Além disso, a exposição a diferentes tipos de informações também pode ajudar a ampliar nossa perspectiva e a nos tornar mais criativos em geral. Quando consumimos informações de uma variedade de fontes, estamos expostos a diferentes visões de mundo e maneiras de pensar, o que pode nos ajudar a desenvolver novas ideias e soluções para problemas.

No livro “Roube como um artista” o autor Austin Kleon explora a natureza da criatividade e como podemos encontrar inspiração em todos os lugares. Ele argumenta que a ideia de que a criatividade é algo que vem de uma fonte única e inspirada é um mito, e que a maioria das ideias é na verdade uma mistura de outras ideias. Kleon defende que, em vez de tentar criar algo completamente original, devemos buscar inspiração em diferentes fontes e transformá-la em algo novo e original. Ele usa exemplos de artistas famosos, como David Bowie e Pablo Picasso, para ilustrar como eles foram influenciados por outras formas de arte e cultura.

David Bowie

David Bowie, por exemplo, foi influenciado por diferentes gêneros musicais, como o rock, o pop, o soul e o funk, além de outras formas de arte e cultura, como o cinema, a literatura e a moda. Ele incorporou elementos dessas diferentes fontes em sua música e em sua imagem pública, criando algo único e inovador que influenciou muitos outros artistas.

Estratégia 4: Produza muito – pratique

Quanto mais você cria, maior a chance de criar algo verdadeiramente genial. Produza muito e pratique sempre. Isso ocorre, como mencionei anteriormente, porque a criatividade é um processo que envolve tentativa e erro, e quanto mais você cria, mais prática e experiência adquire.

Produzir muito e praticar sempre é uma das melhores maneiras de desenvolver sua criatividade e habilidades em qualquer área criativa. Isso ajuda a expandir sua mente e sua capacidade de pensar fora da caixa, permitindo que você crie algo novo e original. Além disso, produzir muito também ajuda a superar o bloqueio criativo. Às vezes, você pode se sentir preso ou sem inspiração, mas se você continuar criando, eventualmente encontrará novas ideias e inspiração para suas criações.

Um estudo publicado na revista “Psychology of Aesthetics, Creativity, and the Arts”, em 2013, descobriu que quanto mais um artista cria, maior a probabilidade de criar uma obra-prima. Os pesquisadores analisaram as carreiras de artistas famosos e descobriram que aqueles que produziram mais obras de arte tiveram uma maior chance de criar uma obra-prima. Os pesquisadores examinaram as carreiras de mais de 250 pintores renomados e encontraram uma relação positiva entre a quantidade de pinturas que um artista criou e a probabilidade de que pelo menos uma delas fosse considerada uma obra-prima. Isso sugere que, quanto mais um artista cria, maior a probabilidade de que pelo menos uma de suas obras seja realmente excepcional. Os pesquisadores também descobriram que a probabilidade de um artista criar uma obra-prima aumentava com a idade e a experiência. Isso pode ser explicado pelo fato de que os artistas mais experientes têm mais tempo para aprimorar suas habilidades e experimentar diferentes estilos e técnicas.

Já o estudo “A Influência da Prática Deliberada na Criatividade: Uma Meta-Análise”, publicado no Journal of Creative Behavior em 2016, destacou a importância da prática deliberada e consistente para o desenvolvimento da criatividade em qualquer área. Os pesquisadores descobriram que os indivíduos que se dedicam a praticar e aprimorar suas habilidades criativas regularmente têm maior probabilidade de produzir resultados geniais. Os pesquisadores examinaram as carreiras de vários artistas, escritores e músicos renomados e descobriram que todos eles dedicaram muito tempo e esforço para praticar e aprimorar suas habilidades criativas. Eles observaram que a prática deliberada é fundamental para o desenvolvimento da criatividade, pois permite que os indivíduos experimentem novas ideias, técnicas e abordagens, além de aprimorar suas habilidades existentes.

Ou seja: a prática leva a perfeição!

Estratégia 5: Aprenda a trabalhar com os ciclos criativos

Mudar de assunto e contexto pode ajudar a desbloquear a mente e permitir que novas ideias surjam. Isso pode ajudar a potencializar a criatividade e a inovação, permitindo que ideias novas e diferentes surjam e sejam testadas.

Os ciclos criativos envolvem quatro fases: preparação, incubação, iluminação e verificação. Na fase de preparação, é importante reunir informações e conhecimentos relevantes para o problema ou projeto em questão. A fase de incubação envolve deixar o problema de lado e permitir que o subconsciente trabalhe nele. Na fase de iluminação, ocorre o famoso “estalo” criativo, em que a solução ou ideia surge de forma repentina. Por fim, na fase de verificação, é preciso avaliar e testar a ideia para verificar sua efetividade.

Novamente, este é um ponto mais que provado cientificamente: diferentes fases do processo criativo, como a geração de ideias e a seleção de soluções, envolvem diferentes padrões de atividade cerebral. O artigo “The Creative Brain: Investigation of Brain Activity during Creative Problem Solving Using EEG and fMRI”, liderado pelo professor Allan Snyder, diretor do Centro de Mente e Cérebro da Universidade de Sydney, Austrália, investigou a atividade cerebral durante o processo criativo de resolução de problemas. Utilizando técnicas de imagem cerebral, como eletroencefalografia (EEG) e ressonância magnética funcional (fMRI), os pesquisadores conseguiram identificar padrões de atividade em diferentes áreas do cérebro em diferentes fases do processo criativo. Os resultados mostraram que a resolução criativa de problemas envolve uma rede ampla de áreas cerebrais, incluindo áreas do córtex pré-frontal, do lobo parietal e do lobo temporal. Além disso, o estudo mostrou que diferentes fases do processo criativo, como a geração de ideias e a seleção de soluções, envolvem diferentes padrões de atividade cerebral.

Basicamente, práticas como, meditação e outras técnicas de relaxamento e concentração para voltar a mente ao seu estado natural; Fazer atividades físicas ou hobbies que ajudam também a treinar a mente; Dormir bem e descansar o suficiente para que o subconsciente tenha tempo para processar as informações; Mudar de ambiente e fazer atividades diferentes vão estimular sua criatividade!

E aí, tá pronto(a) para estimular a sua criatividade? Você só precisa dar o primeiro passoTá esperando o que? 

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