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Nível de consciência verde A Estrada à Nossa Frente

nível de consciência verde

Quando falamos sobre a mente, é essencial destacar que o nível de consciência verde é um grande marco em nossa evolução. E podemos analisá-lo pela história de Giuseppe, um fazendeiro italiano. Em 1385, ele não sabia muito o que acontecia no mundo ao seu redor. Afinal, muito antes da Internet, das telecomunicações ou mesmo da impressão gráfica (que começou a partir de 1430, aproximadamente), as notícias corriam no boca a boca e tinham um alcance realmente limitado.

Guiseppe criava vacas leiteiras, um meio de vida passado de pai para filho há algumas gerações em sua família. Assim, do leite das vacas, ele aprendeu a fazer queijos, com seu avô. E também aprendeu a plantar vegetais, a trabalhar o couro e a fazer reparos nos móveis e cercas de madeira.

Ele produzia um tipo de queijo, a partir do leite de suas vacas, muito apreciado por diversos de seus “vizinhos” no vilarejo de Viterbo, bem próximo de sua fazenda. Aos Domingos, Guiseppe carregava sua carroça com seus queijos e ia a Viterbo trocá-los por outros produtos necessários para sua sobrevivência: lã ou roupas prontas para encarar o inverno, carne curada, trigo e especiarias para temperar sua comida.

Nível de consciência e o sistema bancário

Um belo dia, Giancarlo, plantador de trigo local, resolveu que tinha muito queijo guardado e não queria mais. Assim, Guiseppe entrou em desespero – como poderia preparar seu pão, sem o trigo do Giancarlo? E desesperado, foi então procurar seu primo, Giovanni di Medici.

Giovanni vinha de um lado da família que abandonou a agricultura para iniciar um negócio do futuro: a negociação de títulos. Isto é, não títulos reais, mas títulos que amarravam credores e tomadores de empréstimos. Em suma, era o sistema bancário começando na Europa.

O fim da Idade Média estava chegando, as rotas comerciais eram cada dia mais numerosas, o mundo ganhava uma complexidade que não permitia mais apenas a troca de um produto por outro. Deste modo, eram necessários novos conceitos para a troca de valores.

Giovanni negociava não em barras de ouro mais, mas em promessas declaradas num pedaço de papel que diziam que Pietro lhe devia as barras de ouro que outrora Giovanni havia lhe emprestado, mais meia barra de ouro de juros – um prêmio pelo risco que existia de Pietro nunca lhe devolver barra de ouro alguma.

Giovanni, percebendo que bastante gente, como Pietro, lhe devia barras de ouro, começou a emprestar não o ouro mais, mas os papeis provando que alguém lhe devia o ouro. Como Giovanni tinha cuidado em escolher as pessoas a quem ele emprestava barras de ouro, costumava receber de volta o que emprestava, mais os juros. Decerto, essa reputação permitia-lhe dar estes títulos em troca de bens que ele precisava, como bois, lã, trigo e qualquer outra coisa comercializada em sua época.

nível de consciência verde


Ascensão do dinheiro

Essa história ilustra um pouco de como começou a chamada “ascensão do dinheiro”. Títulos que atestavam algum valor ao qual alguém tinha o direito de receber, dependendo da reputação do credor e do devedor, passaram a ter quase tanto valor quanto o bem físico. Ademais, ainda tinham a vantagem de serem muito mais leves no transporte – imagine uma caixa com 100 folhas de papel versus 20 carroças com barras de ouro.

nível de consciência verde


Aceleremos a história para o século XXI. No lugar de títulos dos Medici, teremos Dólares, Libras, Pesos, Ienes… No lugar de comerciantes que se tornaram banqueiros, teremos um complexo sistema financeiro que trafega mais capital por hora do que toda a economia mundial do século XV em 10 anos.

E por que eu estou trazendo isso a um texto sobre níveis de consciência?

Porque este exemplo é bem abrangente na representação do que é a mente humana: construímos um mundo sobre conceitos e ideias que existem apenas na nossa imaginação. O que não é o dinheiro, se não uma representação física deste conceito? Na prática, cada nota é a representação física de um título que atesta à reputação de quem a imprimiu.

Quanto mais organizados somos e quanto maior o respeito pelos conceitos que criaram representações, ainda que de papel, maior o valor e o respeito por elas. Consequentemente, mais prosperamos.

Poder da imaginação no nível de consciência verde

A imaginação é, afinal de contas, o que nos diferencia de todos os outros seres vivos. Assim, quando ela toma a forma de consciência, conseguimos nos organizar aos milhares, milhões, sem que todos precisem se conhecer. E hoje o mundo é inteiramente interconectado intelectualmente – mesmo os grupos ou países que ainda tentam ficar de fora, são obrigados a operar pelas mesmas regras e ideias que regem todo o restante.

Um Dólar é aceito em qualquer lugar do mundo – mesmo em Cuba ou na Coréia do Norte. Isto é, ninguém é maluco o suficiente para contestar a reputação que cada nota carrega.

nível de consciência verde


Chegamos ao nível verde de consciência: relativista (complexidade, nada mais é simples e dualista) no modelo de valores de Clare Graves. Individualista (a interpretação da realidade sempre depende da posição do observador) no modelo de autoidentidade de Susanne Cook-Greuter. E meta-sistêmico (visão crescente da complexidade, das conexões sistêmicas e de causas e efeitos não intencionais) no modelo cognitivo de Piaget/Aurobindo.

Este é o segundo nível “mundo cêntrico” e o último nível da chamada primeira camada ou camada convencional de níveis de consciência. Por isso, vamos aproveitar para fazer um parêntesis aqui sobre isso. Dentro do modelo Integral, os níveis de consciência são divididos em duas partes: convencionais, ou da primeira camada, e pós-convencionais, ou da segunda camada.

Classificações dos níveis de consciência

A diferença entre eles é simples. Os níveis convencionais são atingidos cognitivamente, ou seja, a partir do momento em que uma pessoa aprende sobre um novo nível, pode-se dizer que sabendo de sua existência (ou tendo a consciência de que ele existe) já faz parte dele. Contudo, se todas suas ações serão guiadas por este novo nível, são outros quinhentos.

Uma pessoa pode estar no nível verde de consciência, mas entrar numa briga de trânsito, por exemplo, e entrar num estado de nível vermelho de consciência. Assim, significa que temporariamente ela bloqueia cognitivamente o nível verde e opera no nível vermelho durante aquela situação específica.

Os estados (outra das 5 categorias da Teoria Integral), entretanto, não serão objetos deste texto. Os níveis pós-convencionais, por sua vez, precisam de práticas bastante aprofundadas para que sejam atingidos. Assim, as mais antigas conhecidas são a meditação (praticada regularmente), Yoga e prática de artes marciais.

Outras atividades também podem levar a um nível pós-convencional de consciência, mas também não é o objetivo deste texto. Voltaremos a este tema no próximo artigo, quando será feita a explicação do primeiro nível pós-convencional.


Nível de consciência verde e o futuro

Retornando ao nível verde de consciência… Nós vivemos uma época especial neste sentido. Até agora, quando falávamos da história humana para explicar os níveis de consciência, as referências eram sempre o passado e o presente. Entretanto, quando falamos sobre o nível verde, podemos afirmar, seguramente, que estamos falando do futuro e de um período de transição que está apenas começando.

Há diversas evidências de que parte da humanidade já opera no nível verde: cuidado com o bem-estar psicológico das pessoas. Aliás, acabamos de viver um momento significativo neste sentido, em que uma campeã olímpica, mundial e fenômeno de sua modalidade esportiva, a Simone Biles, acabou de sofrer um “apagão” ao que tudo indica de origem emocional durante a competição mais importante da sua vida.

Ademais, o nível de consciência verde remete ao cuidado com o meio ambiente, atenção com harmonia, igualdade, conciliação, diálogo, inclusão, diversidade, espiritualidade e multiculturalidade. Assim, relativismo e pluralismo tomam o lugar do preto e branco, do certo e errado. Igualmente, tudo parte de discussões mais complexas e a tomada de perspectivas diferentes se torna algo bem importante.

Inicia-se, neste nível, a consciência de que a integração não só é necessária, mas faz parte da constituição do todo. Ademais, aqui torna-se especialmente difícil a descrição do que seria a transição para os níveis pós-convencionais. Eles integram racionalidade com espiritualidade e com as emoções – transcendem o cognitivo e, por isso, será um desafio explicá-los.

O nível verde é o ponto de partida, o primeiro degrau. Resgatando o paralelo da máquina de engrenagens do nível laranja, no nível verde percebemos que não adianta termos uma máquina super eficiente se não tivermos pessoas preparadas técnica, emocional e espiritualmente para operá-la e um planeta saudável que sirva de infraestrutura e base para ela.

simone biles

Nível de consciência verde e o desenvolvimento individual

Na curva de desenvolvimento do indivíduo, o nível verde vem com a maturidade, a partir do momento em que o córtex pré-frontal está totalmente formado. Normalmente, seguramente, após os 25 anos de idade. As preocupações do indivíduo se voltam para a estrutura, a constituição de família, o planejamento para o futuro, o desenvolvimento da carreira, a perseguição de um propósito e como tudo isso interage com tudo e todos à sua volta. Num desenvolvimento saudável também entra a espiritualidade e o cuidado com o próximo.

É interessante observarmos o que está acontecendo com o mundo neste momento e os conflitos de opinião em função disso. Assim, o politicamente correto, nem sempre pelos mais nobres motivos, ocupa hoje um espaço significativo em nosso cotidiano. Esse é um sinal de elevação do nível de consciência coletivo.

Você pode achar isso bom ou ruim, legal ou chato, mas isso não torna esse processo de migração reversível. Discussões triviais hoje, como da inclusão, da diversidade, do respeito ao ser humano independentemente de credo, cor ou identificação de gênero, são resultado desse processo de migração do nível de consciência. Caminhamos para um mundo mais conectado e plural.

Não tem volta.

A grande reflexão, a partir de agora, é sobre como eu quero ocupar meu espaço na sociedade. Como podemos, enquanto indivíduos, contribuir para que a consciência não volte para o nível azul com pseudo traços de nível verde. Ou seja, “eu tenho que ser plural porque é o que esperam de mim” versus “eu entendo o que é ser plural e me posiciono de tal maneira de acordo com o que eu acredito”.

nível de consciência verde

Evolução da humanidade

Uma das grandes questões da humanidade, neste momento, é sabermos se permaneceremos (ou por quanto tempo permaneceremos) na primeira camada. Se, como sociedade, só formos capazes de atingir níveis cognitivos de consciência, por quanto tempo ainda teremos recursos para mantermos nosso planeta capaz de sustentar a vida?

Por quanto tempo vamos acreditar que todos os seres menos providos de inteligência são inferiores a nós? Por quanto tempo ainda conseguiremos acreditar que tudo não é integrado? Será que só perceberemos isso quando a conta por nossas crenças e ideologias chegar? O universo, afinal de contas, ainda funciona pelas leis da física. Diz a física que “toda ação tem uma reação correspondente”.

E você, caro leitor? Você acha que deveríamos todos brigar pelos mesmos recursos ou acredita que se organizarmos direito, há abundância para todos? Acredita que a visão religiosa se confunde com a política? Acha que ideologia é diferente de religião só porque não tem Deus envolvido?

Este é o sétimo artigo de uma série sobre Níveis de Consciência. Os artigos anteriores são:

  1. Você sabe o que são os Níveis de Consciência?
  2. Faça o necessário para sobreviver.
  3. Meu vizinho de cima é o Deus do Trovão!
  4. Um dia de fúria.
  5. Quantos mandamentos eram mesmo?
  6. Tempos Modernos.

Quem eu sou

João de Lorenzo

Me chamo João de Lorenzo, trabalho com planejamento estratégico, concepção e implementação de projetos. Bem como, com (quase) tudo relacionado a vendas e gestão de força de vendas.

Estudo Teoria Integral há alguns anos e acredito que a máxima do Ken Wilber que diz que “estão todos parcialmente corretos” é uma das chaves para um mundo com espaço para todos.

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