“As suposições que você traz para uma conversa com um bot de IA influenciam o que ele diz”.
“Como a IA poderia ajudar a China e a Rússia a interferir nas eleições dos EUA”.
“O que os humanos perdem quando a IA escreve para nós”.
“Como podemos saber se a IA se tornará consciente?”.
Você já se viu inquieto, preocupado e até mesmo ansioso ao pensar no futuro do trabalho e nos avanços constantes na inteligência artificial generativa? Não se preocupe, você não está sozinho. As manchetes, como essas que trago abrindo este artigo, inundam os meios de comunicação frequentemente destacando os avanços surpreendentes da tecnologia, criando uma atmosfera de incerteza e ansiedade em relação ao que o futuro reserva, especialmente no que diz respeito à criatividade humana.
A verdade é que é absolutamente natural se sentir apreensivo em relação à inteligência artificial. Afinal, a velocidade dos avanços tecnológicos é impressionante, e é difícil não se perguntar se a IA está à beira de nos superar em todas as áreas. No entanto, vale a pena notar que ainda estamos longe de sermos substituídos por completo. Se você está experimentando essa chamada “ansiedade da IA”, existem maneiras de enfrentá-la, até mesmo transformando essa inquietação em uma motivação para o bem.
Recentemente, um estudo publicado na Scientific Reports trouxe à tona um debate sobre a criatividade da IA. No estudo, os pesquisadores desafiaram 256 participantes a pensar em usos imaginativos para quatro objetos comuns: uma caixa, uma corda, um lápis e uma vela. Eles então deram a mesma tarefa a três modelos de linguagem de IA. As respostas foram avaliadas tanto por um programa automatizado que mediu a “distância semântica” entre palavras e conceitos quanto por seis revisores humanos treinados para classificar as respostas com base em sua originalidade.
Os resultados revelaram que, embora as melhores respostas humanas tenham superado as da IA, a média da IA superou a média humana. Isso desencadeou manchetes afirmando que “chatbots de IA já superam a média da criatividade humana” e que “a IA é mais criativa do que VOCÊ”. No entanto, é importante interpretar esses resultados com cautela.
A ansiedade em relação à tecnologia não é um fenômeno novo. No passado houve preocupações semelhantes em relação a tecnologias emergentes, como computadores e automação industrial. Muitos dos cenários apocalípticos da ficção científica não se concretizaram, e a sociedade se adaptou a essas mudanças de maneiras inesperadas.
Jerri Lynn Hogg, psicóloga da mídia e ex-presidente da Sociedade de Psicologia e Tecnologia da Mídia da Associação Americana de Psicologia, argumentou em uma entrevista para a Scientific American, que compreender os benefícios de uma nova tecnologia, aprender como ela funciona e receber treinamento sobre seu uso produtivo pode ajudar a enfrentar os medos. Isso significa ir além das manchetes alarmantes e realmente explorar as oportunidades que a IA oferece.
Esse é um passo que precisa ser dado hoje, se levarmos em conta o estudo feito pela edX, plataforma de educação criada pelas universidades Harvard e MIT, que indica que em 2025, 49% das competências de força de trabalho não serão relevantes, devido à inteligência artificial. A pesquisa, feita com 800 executivos e 800 funcionários de empresas, mostra que 47% dos participantes apontam que os profissionais não estão preparados para o futuro do trabalho.
Mas este não é um cenário negativo. Para os autores da pesquisa, apesar de a inteligência artificial eliminar tarefas, ela pode aumentar a eficácia dos trabalhadores, que, com seu auxílio, podem ter mais tempo para focar em atividades consideradas mais importantes.
“Além de lidar com tarefas simples, como preparar comunicações executivas, a IA também poderia apresentar ideias para novos mercados, produtos ou modelos de negócios. Essas tecnologias também poderiam ajudar no planejamento e na previsão, e apoiar a tomada de decisões baseada em dados”, diz o estudo.
A prova de seus benefícios está no estudo Global AI Adoption Index 2022, conduzido pela Morning Consult para IBM, que aponta que a IA está pronta para desempenhar um papel cada vez maior nas iniciativas de sustentabilidade das organizações em todo o mundo, com mais de dois terços das empresas usando ou planejando usar a IA como parte de suas iniciativas de sustentabilidade. Como exemplo, os profissionais de TI no Brasil acreditam que a IA tem um grande potencial para ajudar a resolver desafios ESG/sustentabilidade, como fornecer informações mais precisas e verificáveis sobre fatores de desempenho ambiental para relatórios (43%) e conduzir processos de negócios e operações diárias mais eficientes, como melhoria na cadeia de suprimentos, operações e manufatura (37%).
Mas é preciso lembrar que dados como estes ressaltam os benefícios que a IA podem nos dar: não prestes a substituir a criatividade humana, mas agregando benefícios à nossa produção. Como ressalta Simone Grassini, psicóloga envolvida no estudo publicado na Scientific Reports, a IA atual não está verdadeiramente criando algo novo, mas sim imitando ou simulando o que os seres humanos podem fazer. As arquiteturas cognitivas da IA e dos humanos são substancialmente diferentes.
A melhor maneira de lidar com a ansiedade da IA é encará-la de frente. Isso significa experimentar as ferramentas de IA, compreender onde e como elas podem ser úteis, aprender sobre suas limitações e estar ciente das políticas e regulamentações em andamento. Aprofundar o conhecimento sobre a IA capacita as pessoas a defender proteções e políticas de emprego significativas que minimizem possíveis desvantagens.
Em última análise, a ansiedade em relação à IA pode ser transformada em uma força motivadora. Em vez de temer a substituição, podemos usá-la como incentivo para sermos mais criativos e dominar uma arte, seja a escrita, a música, a programação ou qualquer outra forma de expressão. A tecnologia pode até servir como uma fonte de inspiração para a criação, e se não o fizer, por que se preocupar?
Em resumo, a ansiedade da IA pode ser gerenciada por meio da compreensão, do aprendizado e da adaptação. É uma aliada valiosa se usada corretamente, mas a confiança em sua aplicação exige um entendimento profundo de suas capacidades e limitações.
E se você que é profissional de RH e quer saber como utilizar a IA para resolver os seus desafios, dá uma olhada no resumo do workshop que dei recentemente para um grupo de executivos de RH:
Revolução no RH! Como usar a Inteligência Artificial para inovar sem MEDO e ansiedade.
(todas as imagens usadas neste artigo foram geradas por meio de IA generativa como o Midjourney e Leonardo.ai)