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Por que a morte das celebridades nos afeta tanto

A morte de Pelé, jogador lendário da seleção brasileira de futebol, aos 82 anos, no último dia 29 de dezembro, deixou milhares de pessoas em luto. Mesmo quem nunca conheceu o “Rei” se sentiu entristecido com a notícia. O sentimento nos faz perguntar por que a morte das celebridades nos afeta tanto, quase como se tivéssemos perdido alguém da nossa própria família.

Viver o luto da morte de uma celebridade como se você conhecesse a pessoa pode soar um pouco esquisito. Apesar da pessoa ser uma perfeita estranha, o sentimento que surge com o falecimento de um famoso pode ser similar ao de quando você perde alguém muito próximo. Claro que não é 100% a mesma coisa… Você não tem memórias afetivas com aquela pessoa, nunca recebeu um cartão dela, não trocou presentes e confidências. Mas, ainda assim, é uma forma diferente de luto, marcado por paixões não correspondidas, filmes, novelas, posts nas redes sociais e um sentimento único de adoração que, provavelmente, você nunca tenha sentido por ninguém que realmente conheça.

De acordo com Rachel O’Neill, Ph.D., conselheira em Ohio, EUA e membro da Talkspace (plataforma de atendimento psicológico), se sentir super triste e chorar pela morte de uma celebridade é comum porque formamos ligações pessoais com a vida daquela pessoa. Nos conectamos com famosos e, apesar de não os conhecermos pessoalmente, a presença deles pode ser sentida em nossas vidas. Por exemplo: talvez a celebridade tenha feito parte de uma fase importante da sua infância. Talvez você tenha tido uma quedinha por ele ou ela, ou essa pessoa representa algum ideal, algo que você desejasse também ser. Pode ser não só uma conexão com o seu passado, mas uma parte alegre do seu dia-dia. Muitas nos proporcionam boas risadas, conforto, entretenimento e um senso de escapismo. Quando uma celebridade que gostamos morre, o sentimento pode ser como o da perda de alguém próximo, pois ela foi parte integral de nossos momentos felizes ou tristes.

Esse tipo de relacionamento leva o nome de parassocial, um relacionamento unilateral que um indivíduo tem com uma figura da mídia ou celebridade. Envolve sentir que conhece e compreende uma pessoa, mesmo que nunca a tenha conhecido na vida real. Esses tipos de relacionamento podem ser formados por meio da exposição regular a uma celebridade por meio da mídia, como programas de TV, filmes e mídias sociais. As pessoas geralmente desenvolvem relacionamentos parassociais porque consideram as celebridades como modelos, sentem uma sensação de identificação com elas ou encontram conforto e familiaridade ao vê-las regularmente.

Hoje, precisamos levar em conta também o fato de sermos lançados de modo profundo em como nos relacionamos com os meios de comunicação e a internet. Um destaque especial para as redes sociais. Pessoas compartilham a vida aberta nos meios de comunicação e somos espectadores onde cada momento é capturado pelos meios de comunicação e entram no limite entre o que é real e virtual. Famosos se tornam símbolos e o modo como aquele indivíduo se comporta pode atrair as pessoas. Ou seja, somos atraídos por esse símbolo, essa representação faz parte do que a gente cria em torno dessas pessoas. Assim, se cria a ilusão de proximidade.

Então, não se preocupe, se você sentiu profundamente a morte de Pelé, Rainha Elizabeth, Gal Costa ou qualquer outro famoso por quem sentia admiração. Esse sentimento é completamente normal. Além disso, essas figuras representam modelos que nos guiam e nos ajudam na formação de diversos aspectos da nossa personalidade. No entanto, é importante lembrar que essas são relações unilaterais e devemos ter cuidado para não dar muita ênfase a elas, tendo sempre em mente que são relações da vida real.

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