Vitória além da medalha: lições de caráter e valores das Olimpíadas de Paris 2024

Em uma tarde escaldante durante os Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles, a maratonista suíça Gabriela Andersen entrou no Coliseu, exausta e desidratada, para os últimos metros de uma corrida que já havia exigido tudo dela. Era o fim da maratona feminina, uma prova onde as melhores atletas do mundo competiam pelo ouro. Mas naquele momento, as atenções se voltaram para Andersen, que, longe do pódio, protagonizava uma das cenas mais emocionantes da história olímpica.

Visivelmente desorientada e com dificuldades para manter-se em pé, Gabriela recusou ajuda médica ao longo da pista, determinada a cruzar a linha de chegada por seus próprios meios. Cada passo era uma batalha contra o próprio corpo, que dava sinais de colapso. O público, antes vibrante, silenciou em respeito e preocupação, enquanto a maratonista avançava lentamente, quase cambaleante. Quando finalmente cruzou a linha de chegada, os aplausos ecoaram pelo estádio, não pela vitória em si, mas pela exibição de pura força de vontade e determinação. Andersen terminou em 37º lugar, longe das medalhas, mas gravou seu nome na memória olímpica como um símbolo de perseverança.

E por que, ao assistir essa cena, ficamos profundamente emocionados, mesmo sabendo que ela estava bem longe de uma medalha? Porque os Jogos Olímpicos não são apenas uma competição de força e velocidade, mas um teste dos limites da nossa força de vontade, do nosso caráter, e de tudo que nos faz humanos.

Nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, testemunhamos não apenas conquistas esportivas, mas também uma exibição emocionante de caráter, respeito e solidariedade. Histórias que, assim como a de Gabriela Andersen, transcendem o pódio e tocam profundamente a essência do que significa ser humano. Neste artigo, vamos explorar as lições poderosas e inspiradoras que esses jogos nos ensinaram, mostrando como o espírito olímpico pode revelar o melhor de nós.

1. Um símbolo de respeito e humildade

De Los Angeles para Paris, nas olimpíadas deste ano, todas as atenções estavam voltadas para a final do solo na ginástica, onde os dois maiores nomes da atualidade do esporte se enfrentariam mais uma vez. A brasileira Rebeca Andrade era a grande aposta da seleção e todos esperavam uma grande apresentação dela. Mas diante dela, uma das maiores lendas da ginástica atual: Simone Biles, o nome favorito ao ouro.

Depois de uma apresentação contida e sem grandes saltos na trave, Rebeca entrou para prova do solo e logo cravou o primeiro salto, um Tsukahara grupado. Na segunda série de saltos, termina muito bem, sem desequilíbrios. No quarto salto, ela faz mortais perfeitos e termina cravada. No último salto, ela consegue uma execução quase perfeita, somente com um pequeno desequilíbrio na saída, com o pé um pouco para trás. No final, ela terminou a prova com uma série muito boa. A nota final foi de 14.166, a maior até aquele momento e a esperança da medalha de ouro.

A tensão era facilmente percebida quando Biles iniciou sua apresentação. A precisão de seus movimentos era hipnotizante e sua vitória já era comemorada pela platéia como certa. Mas então, num piscar de olhos, algo inesperado aconteceu: ao final de um salto, Simone, em um milésimo de segundo, colocou o pé fora da linha. O ginásio suspirou. Todos sabiam que aquele pequeno deslize poderia custar a medalha de ouro. O resultado veio sem surpreender nem a própria Simone Biles: 14.133 e a medalha de prata.

Mas o que aconteceu a seguir foi ainda mais memorável. Ao se encontrarem no pódio, Simone Biles, reconhecendo a grandeza do desempenho de Rebeca, se curvou diante dela. Ao lado de Jordan Chiles, as duas americanas, em um gesto de puro respeito e humildade, reverenciavam a nova campeã olímpica. Rebeca, visivelmente emocionada, retribuiu o gesto estendendo as mãos para as colegas de esporte, deixando claro que, naquele momento, o que importava não era quem tinha vencido, mas o reconhecimento mútuo e o respeito entre elas.

Essa cena reflete um valor essencial para levarmos além do esporte, para todas as áreas da vida: o respeito mútuo. No mundo competitivo em que vivemos, é fácil cair na armadilha de ver os outros como adversários a serem derrotados. Mas, o verdadeiro espírito de qualquer competição saudável está em reconhecer que o seu sucesso não diminui o valor do outro. O gesto de Biles e Chiles me lembra que quando estamos bem dentro da nossa própria pele e quando a nossa saúde mental está em alta deixamos de ficar nos preocupando tanto com o que queremos e podemos apreciar o sucesso de outras pessoas.

2. O poder da vulnerabilidade, na prática!

O momento espetacular com Rebeca e Jordan não foi o único em que Simone Biles nos ensinou algo nestes Jogos Olímpicos. Na manhã em que a ginasta se preparava para sua primeira apresentação em Paris, o mundo inteiro aguardava para ver o que a ginasta, já considerada uma lenda viva, faria após seu retorno. As expectativas estavam em seu pico, e todos os olhos estavam fixos nela.

Quando Simone entrou no ginásio, os gritos de comemoração encheram a arena. Aquele momento carregava um peso que só quem já esteve no topo do mundo, e depois experimentou a queda, poderia entender. Mas Simone estava lá, serena, com um foco inabalável. Seu primeiro equipamento foi o salto, pressionada pela nota de 15.100 de Rebeca Andrade, ela encarou o equipamento respirando fundo. “Você consegue”, foi possível vê-la dizer para si mesma. Com a graça de quem domina cada centímetro do corpo, ela começou a correr e pulou. O salto e cada giro foram executados com precisão quase sobre-humana. O público prendeu a respiração, como se qualquer barulho pudesse quebrar a mágica que estava acontecendo diante de seus olhos. E então, quando ela aterrissou, a arena explodiu em aplausos ensurdecedores. Simone havia feito o impossível: não apenas retornado ao topo, mas feito isso com uma elegância e força que apenas os verdadeiros campeões possuem. Ela então deu um sorriso que dizia mais do que palavras poderiam expressar, e ergueu os braços em triunfo.

Esse momento de glória só se tornou possível por conta do que havia acontecido três anos antes, em Tóquio 2021. Lá, o mundo assistiu, perplexo, enquanto Simone Biles enfrentava o que seria o maior desafio de sua carreira — e não era uma adversária ou um exercício difícil. No meio da competição, ela foi atingida pelos “twisties”, uma condição mental que desconecta a mente do corpo, fazendo com que movimentos que antes eram naturais se tornassem muito perigosos. Durante uma de suas apresentações, Simone, de repente, perdeu a noção do espaço no ar. Em vez de lutar contra isso, ela tomou a decisão mais difícil de sua vida: retirar-se da competição.

Mas agora, em Paris, ela não estava apenas de volta — ela estava mais forte, mais sábia, mais consciente de si mesma. Seu retorno culminou em uma série de apresentações impecáveis, que não só impressionaram o mundo, mas também inspiraram sua equipe. Nas provas por equipes, Simone liderou as ginastas americanas com uma confiança renovada. O ouro não era apenas uma conquista; era uma confirmação de que, mesmo nas profundezas da incerteza e do medo, ela havia encontrado forças para se reerguer e triunfar.

Sua história é uma poderosa lição sobre a importância de reconhecer e cuidar da sua saúde mental. Em um mundo que muitas vezes glorifica a perfeição e o sucesso a qualquer custo, Biles mostrou que é possível ser vulnerável e forte ao mesmo tempo. Sua decisão de priorizar seu bem-estar mental foi um ato de coragem que redefiniu o que significa ser um verdadeiro campeão. Ela não apenas provou que ainda é uma das melhores ginastas do mundo, mas também que é possível voltar ainda mais forte depois de enfrentar dificuldades. Ela ensinou que a verdadeira força não está em nunca falhar, mas em ter a coragem de enfrentar seus desafios internos e retornar mais forte do que nunca.

Escrevi um artigo sobre isso, com 5 lições de sucesso para aprender com Simone Biles.

3. O espírito de solidariedade

Brasil e Angola travaram um duelo direto por uma vaga no mata-mata do handebol feminino. A partida estava pegando fogo: as duas seleções buscavam de forma acirrada uma vaga nas quartas de final. Na metade do jogo, a angolana Albertina Kassoma machucou o joelho. Ela tentou chegar ao banco de reservas, mas o joelho não respondeu e ela ficou no chão. Foi aí que a pivô brasileira Tamires Araújo, percebendo a gravidade do machucado da rival, abandonou o jogo e andou até ela, pegou Kassoma nos braços e a carregou para fora da quadra, as duas sendo ovacionadas pela plateia que assistia ao jogo.

Este ato de solidariedade em um momento de alta tensão competitiva exemplifica a essência da humanidade em sua forma mais pura. Apesar da rivalidade entre os dois times, Tamires colocou a sua empatia acima da competição, demonstrando que, no final das contas, todos os atletas, independente de país ou títulos, são iguais: seres humanos com falhas e fraquezas, mas que juntos podem ir mais longe.

Esse é um lembrete poderoso de que, mesmo em meio à competição, a empatia e a solidariedade devem prevalecer. Em um mundo onde o sucesso é frequentemente medido pela vitória, lembre-se de que a verdadeira grandeza se revela em como você trata os outros, especialmente nos momentos de necessidade. E essa lição se traduz em algo fundamental: entender que, apesar das metas e prazos da sua vida, é o tratamento que você dispensa às pessoas ao seu redor que realmente define o sucesso coletivo. O ambiente profissional pode ser competitivo, mas as equipes mais fortes são aquelas onde a empatia e a colaboração são incentivadas. Quando você ajuda um colega que está passando por um momento difícil ou oferece apoio em vez de crítica, está construindo uma cultura de confiança e respeito, que é a base de qualquer organização próspera.

4. O poder do espírito de perseverança

Kinzang Lhamo não era a favorita ao pódio quando se posicionou na linha de largada da maratona feminina nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Para muitos, sua participação em si já era uma vitória. Representando o Butão, um país com pouca tradição olímpica, e que tive a oportunidade de conhecer em 2013, Kinzang era a porta-bandeira de uma nação que contava com apenas 11 atletas na história dos Jogos. Mas naquela manhã em Paris, ela estava determinada a fazer mais do que apenas participar — ela queria completar os 42 quilômetros, mesmo sabendo que a batalha seria longa e árdua.

Kinzang logo se viu lutando contra seus próprios limites. O sol de Paris brilhava intensamente, e cada quilômetro parecia pesar mais do que o anterior. A exaustão começou a se fazer sentir, e seu corpo clamava por descanso. Houve momentos em que ela pensou em desistir, especialmente quando as forças pareciam abandoná-la e a linha de chegada parecia um objetivo inalcançável. Mas, a cada momento de dúvida, algo a impulsionava a continuar: o apoio incondicional do público.

Ao longo do percurso, espectadores começaram a aplaudi-la e incentivá-la a cada passo, foi a força que ela precisava para seguir em frente.  Finalmente, uma hora e meia depois que Sifan Hassan havia cruzado a linha de chegada como campeã, Kinzang Lhamo terminou sua prova. A diferença de tempo não importava mais. O que importava era que ela estava ali, prestes a completar o que havia começado. Quando o público percebeu sua aproximação, centenas de pessoas que estavam nas laterais da pista começaram a correr junto com ela, como se cada um quisesse compartilhar um pouco do peso que ela carregava. Exausta, mas determinada, ela cruzou a linha de chegada em 3h52m59s, com lágrimas nos olhos e um sorriso no rosto. Não havia ouro, prata ou bronze à sua espera, mas havia algo muito maior: o reconhecimento de que o verdadeiro espírito olímpico não está nas medalhas, mas na determinação de nunca desistir, mesmo quando o mundo parece estar contra você.

Nem sempre você vai conseguir alcançar suas metas dentro do prazo ou da maneira que planejou. Mas o que realmente importa é a sua capacidade de persistir, de continuar avançando mesmo quando os desafios parecem insuperáveis. A determinação de concluir uma tarefa, um projeto ou uma meta pessoal, mesmo quando as circunstâncias não são favoráveis, demonstra não apenas resiliência, mas também o seu compromisso com seus objetivos e a oportunidade de sempre aprender e melhorar.

5. A nobreza na derrota

Odette Giuffrida chegou a Paris como uma das grandes favoritas ao ouro no judô. No entanto, os Jogos Olímpicos são um palco onde o inesperado pode acontecer, e o caminho de Odette se tornou mais difícil do que ela poderia imaginar. Após uma dura derrota na semifinal, que a tirou da disputa pelo ouro, ela se viu diante de sua última chance de sair de Paris com uma medalha: a luta pelo bronze. Mas sua oponente nessa batalha final era a brasileira Larissa Pimenta, que também trazia consigo um sonho olímpico.

A luta foi intensa, com ambas as atletas dando o melhor de si. Larissa lutou com uma determinação implacável. E, ao final, foi ela quem saiu vitoriosa. O bronze era de Larissa, e a derrota deixou Odette sem a tão desejada medalha.

Para qualquer atleta, a derrota é difícil, mas para Odette, que estava tão perto do pódio, foi um golpe devastador. No entanto, o que aconteceu a seguir revelou o verdadeiro caráter da judoca italiana: enquanto Larissa, exausta, ainda processava sua vitória e o peso da conquista, ela se deixou cair de joelhos no tatame, tomada pela emoção, quase como se não pudesse acreditar que havia vencido. Foi então que Odette, em um gesto inesperado e profundamente humano, se aproximou da jovem campeã e, em vez de se entregar à frustração, ajudou Larissa a se levantar. “Levanta e dá a Ele a glória. Dá glória a Deus”, disse ela, com um sorriso suave, segurando a mão de Larissa. Aquelas palavras, ditas em um momento de grande emoção, foram um símbolo de respeito e reconhecimento.

Mesmo em sua própria derrota, Odette mostrou compaixão e apoio a sua adversária.  No dia a dia, não é diferente: frequentemente enfrentamos situações de alta pressão, onde o foco muitas vezes está apenas no sucesso individual, em “ganhar” a qualquer custo. No entanto, a verdadeira medida do sucesso não está apenas em conquistar objetivos, mas em como você se comporta nos momentos mais difíceis — especialmente quando as coisas não saem como planejado. Assim como Odette, você pode mostrar sua grandeza não apenas nas vitórias, mas também na forma como trata os outros em suas derrotas ou dificuldades. Demonstrar empatia, oferecer apoio a colegas que estão enfrentando desafios, e manter a dignidade mesmo quando os resultados não são favoráveis são atitudes que refletem um caráter forte e uma verdadeira liderança.

6. Uma homenagem ao espírito esportivo

Você levaria seu oponente ao pódio se pudesse escolher?

A espanhola Carolina Marín, a campeã olímpica de 2016 e uma das figuras mais dominantes do badminton feminino, tinha trabalhado incansavelmente para voltar ao auge de sua forma após uma série de lesões que quase ameaçaram sua carreira. Mas durante esta edição dos Jogos Olímpicos, Marín confirmava o favoritismo ao pódio. Das quatro partidas que disputou antes de chegar à semifinal, a atleta venceu todas as adversárias com tranquilidade e perdeu apenas um set durante toda sua trajetória em Paris.

Ela vencia a chinesa He Bingjiao por 1 set a 0, e encaminhava a vitória no segundo com a parcial de 10 a 8, quando machucou o joelho direito e protagonizou uma cena forte de choros e gemidos de dor instantaneamente dentro de quadra. Com isso, He Bingjiao conseguiu avançar à final e conquistou a medalha de prata. Ela perdeu para a coreana An Se-young por 2 sets a 0. Mas quando subiu ao segundo lugar do pódio, a chinesa não estava sozinha, segurava em uma das mãos um pin (ou broche) da Espanha, ressaltando seu reconhecimento e admiração pela oponente que precisou desistir por força maior.

Durante a conferência de imprensa, He explicou o gesto:

Esse emblema foi-me dado pela equipe espanhola. A minha adversária na semifinal, Carolina Marín, teve que desistir devido a uma lesão. Eu sinto muito por ela, porque Marín é uma atleta e adversária extraordinária. Espero poder levar seu espírito para a final. Desejo que ela se recupere rapidamente.

A atitude de Bingjiao nos lembra da importância de reconhecer e valorizar as dificuldades e desafios enfrentados pelos nossos colegas. Às vezes, uma vitória no trabalho pode ser celebrada com mais significado quando você reconhece os esforços e as lutas daqueles que, por diversas razões, não chegaram ao topo, mas ainda assim deram o seu melhor. Demonstrar respeito e empatia por aqueles que enfrentam adversidades não apenas fortalece o espírito de equipe, mas também cria um ambiente de trabalho mais saudável e colaborativo.

7. Transformando conflito em cooperação

Durante a final feminina do vôlei de praia em Paris 2024, um momento de tensão surgiu entre as jogadoras Ana Patrícia, do Brasil, e Brandie, do Canadá. Era um confronto eletrizante, e o jogo havia chegado ao tie-break, o momento decisivo em que cada ponto parecia carregar o peso de uma medalha olímpica.

No terceiro e último set, o jogo atingiu seu ponto mais crítico. Brandie, pressionada pela intensidade do momento, atacou uma bola que acabou saindo para fora. O erro, em um momento tão crucial, desencadeou uma reação imediata. Brandie e Ana Patrícia, já tensas pela disputa acirrada, se desentenderam na rede. A canadense, frustrada com a situação, trocou palavras duras com Ana Patrícia, que não recuou. As duas chegaram a apontar o dedo indicador uma na direção da outra, em uma exibição pública de frustração e tensão. A situação se intensificou rapidamente, com ambas as jogadoras recebendo cartão amarelo pela confusão.

Foi nesse momento crítico que algo inesperado e mágico aconteceu. O DJ da arena, percebendo a necessidade de desarmar a situação, começou a tocar “Imagine”, de John Lennon. As primeiras notas suaves da música ecoaram pelos alto-falantes, cortando o ar de tensão. “Imagine todas as pessoas\Vivendo a vida em paz”, dizia a letra. E o efeito foi imediato e quase inacreditável.

O público, que momentos antes estava focado na disputa, começou a cantar junto, unindo suas vozes e formando corações com as mãos, gestos simples que rapidamente se espalharam pela arena. As jogadoras, ainda ofegantes e cheias de adrenalina, sentiram a mudança no ambiente. O que poderia ter se transformado em um conflito, foi desarmado pela música e pela união do público. O clima pesado deu lugar a sorrisos e aplausos, e as jogadoras, agora contagiadas pelo ambiente de paz e camaradagem, retornaram ao jogo com um novo espírito.

Imagino que na sua vida, situações de conflito surgem com frequência, seja no trabalho, em casa ou nas interações sociais. Você tem a chance de transformar conflitos em oportunidades para reconciliação e cooperação também. Em vez de permitir que a tensão aumente, você pode guiar rapidamente o ambiente de volta para a harmonia e o respeito mútuo. A lição que você pode tirar desse momento veio do DJ, que, mesmo não sendo o foco principal da situação, utilizou o que tinha à mão para mudar a atmosfera do lugar. Muitas vezes, você pode acreditar que não pode fazer nada em situações complicadas ou que algo é grande demais para resolver. No entanto, esse exemplo mostra que, mesmo com pequenos gestos, se você agir para desativar a raiva ou o estresse em uma situação, pode mudar completamente a percepção e a vida das pessoas envolvidas naquele momento.

O Legado de Paris 2024

Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 nos deixaram um legado que vai muito além das medalhas e recordes. Todas essas histórias nos ensinaram que o verdadeiro espírito olímpico reside na fusão de competição intensa, respeito mútuo, solidariedade e humanidade. As histórias que emergiram desses jogos são reflexos poderosos do que há de melhor em nós como seres humanos: a coragem para enfrentar adversidades, a humildade para reconhecer a grandeza nos outros, e a capacidade de enxergar além das rivalidades, encontrando união e camaradagem em cada gesto.

E por que nos emocionamos mais quando vemos atletas se superando e demonstrando valores, em vez de simplesmente ganhando o ouro? Porque, no fundo, o que realmente ressoa em nós não é apenas a vitória, mas a jornada — os momentos em que a força de vontade, o caráter e a humanidade superam as adversidades e nos mostram o que realmente significa ser grande.

Essas lições transcendem o mundo dos esportes e se aplicam diretamente à nossa vida cotidiana. Histórias como as vividas por Rebeca Andrade e Simone Biles nos lembram que, assim como no esporte, a verdadeira vitória na vida muitas vezes vem do reconhecimento e do respeito pelos outros, mesmo em momentos de intensa competição. A jornada de Simone em Tóquio e seu retorno triunfante a Paris é um poderoso lembrete de que cuidar de nossa saúde mental é essencial para o sucesso verdadeiro — e que a verdadeira força está em enfrentar nossos desafios internos e emergir mais fortes.

O ato de solidariedade de Tamires Araújo nos mostra que, mesmo em um mundo competitivo, é a empatia e o apoio mútuo que verdadeiramente definem nossa humanidade. Enquanto Kinzang Lhamo, ao completar sua maratona com o apoio do público, nos ensina que a perseverança é muitas vezes mais valiosa do que qualquer medalha.

Por fim, a nobreza de Odette Giuffrida e o gesto de He Bingjiao nos lembram que, na derrota ou na vitória, a maneira como tratamos os outros reflete a verdadeira grandeza do espírito humano. E a cena de Ana Patrícia e Brandie, transformando um momento de tensão em cooperação e respeito, nos ensina que, em qualquer conflito, sempre há espaço para a reconciliação e a harmonia.

Esses momentos não são apenas inspiradores; eles nos mostram como podemos transformar a nossa própria jornada. Eles nos lembram que, tanto na vida quanto no esporte, as vitórias mais importantes não são necessariamente aquelas que brilham como medalhas, mas sim aquelas que moldam nosso caráter e nos deixam lições verdadeiras, que carregamos conosco em todas as fases da nossa vida. Em última análise, o legado mais duradouro desses Jogos Olímpicos é a lembrança de que a grandeza humana se revela não apenas em momentos de glória, mas na maneira como vivemos e nos relacionamos uns com os outros.

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